Portugal quase parece “pertencer a um mundo diferente” em comparação com o resto da Europa. Quem o diz é Frederico Cantante, investigador do Observatório das Desigualdades, quando se refere às qualificações dos portugueses.
O nível de formação do tecido empresarial português, principalmente nas chefias, é bastante inferior ao resto da Europa, e é nas qualificações escolares de nível intermédio que se nota mais essa falha. Mais de um terço dos executivos, diretores e gestores em Portugal concluíram apenas a escolaridade básica. O que significa que os cargos de direcção estejam a ser ocupados por pessoas com um nível médio de habilitações mais baixo do que aquele que os seus funcionários frequentaram.
É um dos valores mais altos da UE. Porque apesar da escolarização em Portugal ter tido um crescimento bastante acentuado nas últimas décadas, a verdade é que essa evolução também foi realizada pelos outros países fazendo com que a diferença se mantenha. E mesmo com a taxa de desemprego em Portugal a apresentar uma descida nos últimos anos, a precariedade continua a ser um fenómeno estrutural do mercado de trabalho.
A baixa escolarização da população portuguesa está assim nos empregadores e não nos trabalhadores também possivelmente porque o perfil da economia se concentra nas micro, pequenas e médias empresas. Mas as consequências da falta de formação dos empresários é enorme, com evidentes reflexos na dinâmica empresarial e no atraso da nossa economia. Os desafios a enfrentar por todos estes profissionais são variados, seja na capacidade de adaptação aos padrões tecnológicos mais modernos, na inovação de produtos ou serviços ou até na própria gestão de recursos humanos. Afinal, na globalização em geral em que o mundo actualmente se move.
Para a economia portuguesa conseguir ganhar destaque no panorama mundial é então necessário mudar este paradigma.